Sobre sedução

Me pedem muito para falar sobre técnicas de sedução mas francamente,  eu não acredito que existam fórmulas para isso.

No Google até encontrei algumas coisas interessantes mas muitas no mínimo bizarras.

Penso que para construir essa fórmula seria preciso catalogar cada ser humano.

Seria preciso saber o que emociona aquela pessoa que desejamos conquistar.  Por que as pessoas são diferentes. Não adianta dizer que falar que nem criancinha é sensual. Ou que morder os lábios é incrivelmente sedutor. Será para alguns, para outros não.

De qualquer forma,  supondo que descobríssemos tudo que encanta nosso “alvo” e nos transformássemos exatamente na pessoa que ele sonha encontrar então, de fato, ele se encantaria. Não com a gente mas com a bela imagem que criamos.  Mas logo esse jogo desencanta.  Não é fácil caber inteiro no sonho do outro. É preciso que você pare de existir e exista apenas para o outro. Não é um amor de verdade e ninguém precisa de amor de mentira.

Se você quer verdade, seja você mesma, não importa o que aconteça. Seja inteira, sorria sempre que quiser sorrir, fique triste, feche a cara, solte um grito, mande flores…

Me encantam as pessoas que transbordam. De amor, de alegria, de medo. Porque verdade emociona sempre. Pessoas livres emocionam sempre.

Salte no colo dele,  encha o quarto de pétalas e velas perfumadas. Faça um strip tease desajeitado, caia do salto, caia na risada.

Faça caras e bocas… E coxas. Cruze as pernas. Tire a roupa. Toque seu corpo. O rosto dele. Caricias. Faz biquinho. Faz carão.

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Comemora!

Seja você mesma.

É tão bonito!

: )

Peço desculpas por nada acrescentar em sua busca,  mas deixo esse texto lindo da Martha Medeiros que, com certeza,  lhe servirá de inspiração.

Strip-Tease

Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.

Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.

Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara: “Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto”.

Então ela desfez-se da arrogância: “Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história.”

Era o pudor sendo desabotoado: “Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou”.

Retirava o medo: “Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei”.

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua: “Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui”.

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas Gêmeas, a 17 de setembro de 2001.